Nos últimos dias a questão dos transtornos de personalidade entrou em voga por causa do julgamento do caso Amber Heard x Jack Sparow Jhony Deep. A indicação da defesa é que a atriz possivelmente tenha dois transtornos de personalidade: borderline e histriônica. Neste texto vou ajudar o público leigo a entender o que são os transtornos de personalidade, você vai encontrar:
O que é personalidade;
Quais os tipos de personalidade;
Como a personalidade é desenvolvida;
O que e quais são transtornos de personalidade;
Qual o tratamento para os transtornos de personalidade.
O QUE É PERSONALIDADE
De uma maneira bem sucinta, a personalidade é formada por características das pessoas que são relativamente estáveis durante o tempo, formando padrões de comportamentos.
Para ficar mais claro vou dar alguns exemplos. Uma pessoa que frequentemente sente ansiedade pode-se dizer que faz parte de sua personalidade ser ansiosa, ou, como ela se refere a si mesma: “eu sou ansiosa”. Neste exemplo é possível perceber que personalidade são características que definem a pessoa como alguém único. Ser irritável ou tranquila, agitada ou calma, sociável ou não sociável, ter pensamentos predominantemente positivos ou negativos, ser apaziguador ou barraqueiro agitador, tudo isso são características que fazem parte de nossa personalidade. Também fazem parte dela os interesses do sujeito, seus desejos, vontades e necessidades, suas convicções e credos, a autoestima, a autoimagem, o senso de eficácia e os comportamentos que ela mais apresenta.
É possível perceber que definir personalidade é algo complexo e, mesmo entre os psicólogos e psiquiatras, não há um consenso. Várias teorias da personalidade foram desenvolvidas para poder definir este conceito. Vou descrever as mais conhecidas e aceitas abaixo
Quais os tipos de personalidade
Você já percebeu que a personalidade é a junção de várias característica da pessoa. Também conseguiu identificar que são muitas as características que estão presentes nos seres humanos. A pergunta que fica é: diante de tantas características diferentes é possível ter um grupamento que forme tipos de personalidade?
A resposta é sim, é possível. Contudo não é assim tão simples fazer isso e, diante de tanta complexidade, diferentes pesquisadores desenvolveram diferentes formas de agrupar os traços de personalidade para formar um padrão. Vejamos as duas mais conhecidas.
CINCO FATORES DE PERSONALIDADE OU BIG FIVE
Uma das teorias mais aceitas atualmente é a teoria dos cinco fatores da personalidade, que foi desenvolvida por vários pesquisadores ao longo do tempo. Estes cinco fatores seriam: neuroticismo, extroversão, agradabilidade, conscienciosidade e abertura para a experiência. Cada um dos fatores podem estar presentes em intensidades diferentes, e é isso que torna a personalidade de cada um individual, mesmo tendo características presentes em todos os seres humanos. Vejamos cada um dos fatores:
Neuroticismo: é a forma com que a pessoa responde física e emocionalmente às situações de estresse e ameaça que ela percebe. Pessoas com altos níveis de neuroticismo tendem a experienciar emoções negativas como raiva, ansiedade ou depressão; a interpretar situações normais como ameaçadoras, e pequenas frustrações do dia a dia como mais intensas do que realmente são. Pessoas com maior nível de neuroticismo comumente possuem apresentam maior frequência de pensamentos negativos e suas reações emocionais tendem a persistir por mais tempo.
Por outro lado, pessoas com baixo nível de neuroticismo são menos reativos emocionalmente às coisas que acontecem no dia a dia, são mais difíceis de serem perturbados, possuem mais resiliência ao estresse e menor tendência a pensamentos e sentimentos negativos.
Não é possível ter 0 ou 100% de neuroticismo, mas para usar como parâmetro para melhor compreender este fator, uma pessoa com 100% de neuroticismo seria alguém extremamente desconfiado e agressivo e reativo emocionalmente, e uma pessoa com 0% de neuroticismo seria uma Poliana ingênua.
Extroversão: é o fator que diz respeito à sociabilidade, a procurar estímulos no ambiente e companhia de outras pessoas. Pessoas com alto nível de extroversão gostam de estar com pessoas, possuem um alto nível de energia, são entusiasmados e estão sempre prontos para entrar em ação; são aventureiros, tendem a falar bastante e a chamar a atenção para si.
Já pessoas mais introvertidas são mais calmos, ponderados, e menos envolvidos com o mundo social. Pessoas com baixo grau de extroversão não gostam de ser o centro das atenções, e preferem atividades mais reflexivas e solitárias.
Alguém com 100% de extroversão seria alguém que topa tudo, tem dificuldade de dizer não, completamente exibido e não deixa os outros falares. Por outro lado, alguém com 0% de extroversão seria um dom casmurro.
Agradabilidade: diz respeito a preocupação com a harmonia social, a como trata as outras pessoas. Pessoas simpáticas valorizam a relação com o outro e são respeitosas, gentis, amigáveis, generosas e dispostas a firmar compromissos. Pessoas com alto grau de agradabilidade possuem uma visão positiva da natureza humana, e tendem a enxergar as pessoas como naturalmente confiáveis.
Já pessoas com baixo grau de agradabilidade, ou antipáticas, possuem a tendência de colocar os próprios interesses acima dos outros, enxergam as pessoas como possíveis abusadores, são pouco cooperativas, desconfiadas, exigentes e podem insultar e menosprezar os outros.
Uma pessoa com 100% de agradabilidade seria aquela que faz tudo o que os outros querem e prioriza as outras pessoas em detrimento de si mesmo, uma madre de calcutá. Uma pessoa com 0% de agradabilidade seria um psicopata.
Conscienciosidade: diz respeito ao autocontrole, a capacidade de controlar os impulsos e se comportar para atingir objetivos. Pessoas com alto grau de conscienciosidade são disciplinadas, organizadas, competentes, com disposição para seguir regras e com pensamento mais rígido. Já pessoas com baixo grau deste fator são impulsivas, flexíveis, indisciplinadas, dificuldade de seguir regras, sempre atrasadas e com tendência à procrastinação.
Alguém com 100% de conscienciosidade seria alguém caxias, rígido, que não se permite a diversão e o prazer. Alguém com 0% deste fator seria uma pessoa boemia, preguiçosa, sem muitas ambições de vida.
Abertura para a experiência: é a habilidade de se interessar e se permitir experimentar coisas novas. Pessoas com alta abertura para a experiência são aventureiras, gostam de experimentar o novo, exploram as emoções e os sentimentos, são muito curiosas, imaginativas e criativas. Já pessoas com pouca abertura são estáveis, previsíveis, gostam da mesmice e da rotina, não estão dispostas a experimentar as coisas e se incomodam com o desconhecido.
Uma pessoa com 100% de abertura é alguém que se arrisca a ponto de colocar a vida em risco, alguém sem medo do perigo e sem muita crítica. Já alguém com 0% é alguém que não sai de casa, completamente inseguro fora de sua rotina.
OS 16 TIPOS DE PERSONALIDADE DE JUNG
O psicólogo Carl Gustav Jung (se lê iungue), discípulo de Freud, criou a teoria dos 8 tipos de personalidade, que depois foi expandida para 16 tipos por outros pesquisadores. Os tipos de personalidade são compostos por uma combinação de quatro letras que representam, cada uma, uma característica:
- Introvertido (I) x Extrovertido (E): que diz respeito a forma com que a pessoa se motiva, se por fatores internos ou externos.
- Sensorial (S) x Intuitivo (N): que se refere a como a pessoa capta e processa as informações do meio.
- Pensador (T) x Sentimental (F): referente a como as informações captadas são processadas
- Julgador (J) x Perceptivo (P): como avalia as coisas e o mundo.
A combinação destas características formariam os 16 tipos de personalidade: ISTJ, ISFJ, INFJ, INTJ, ISTP, ISFP, INFP, INTP, ESTP, ESFP, ENFP, ENTP, ESTJ, ESFJ, ENFJ e ENTJ. Você já pode ter visto algumas destas siglas no perfil de rede sociais de algumas pessoas, segue abaixo a descrição de cada uma das personalidades, já advirto que essa parte pode ser extensa.
ISTJ – Introvertido, Sensorial, Pensador, Julgador;
INFJ – Introvertido, Intuitivo, Sentimental, Julgador;
INTJ– Introvertido, Intuitivo, Pensador, Julgador;
ISTP – Introvertido, Sensorial, Pensador, Perceptivo;
ISFP – Introvertido, Sensorial, Sentimental, Perceptivo;
INFP – Introvertido, Intuitivo, Sentimental, Perceptivo;
INTP – Introvertido, Intuitivo, Pensador, Perceptivo;
ESTP – Extrovertido, Sensorial, Pensador, Perceptivo
ESFP – Extrovertido, Sensorial, Sentimental, Perceptivo;
ENFP – Extrovertido, Intuitivo, Sentimental, Perceptivo;
ENTP – Extrovertido, Intuitivo, Pensador, Perceptivo;
ESTJ – Extrovertido, Sensorial, Pensador, Julgador;
ESFJ – Extrovertido, Sensorial, Sentimental, Julgador;
ENFJ – Extrovertido, Intuitivo, Sentimental, Julgador;
ENTJ – Extrovertido, Intuitivo, Pensador, Julgador.
Caso queira saber em qual tipo você se encaixaria existem vários testes dos tipos de personalidade na web, só não garanto a confiabilidade deles.
Agora que você já sabe o que é personalidade está pronto parar entender como ela se desenvolve.
COMO A PERSONALIDADE É DESENVOLVIDA
Nossas características de personalidades são desenvolvidas por uma mistura de fatores genéticos e interação com o mundo. Os traços genéticos das pessoas são chamados de temperamento:
Ansioso x Calmo
Obsessivo x Distraído
Passivo x Agressivo
Tímido x Sociável
Estes traços são herdados geneticamente, é a base biológica com a qual nascemos. É através deles que temos as primeiras experiências no mundo. Você já deve ter visto bebês que são um poço de calmaria, que dormem a maior parte do tempo, e outros que choram desesperadamente. São os traços de personalidade genéticos se apresentando.
Durante a nossa vida nós passamos por diferentes experiências e temos diferentes aprendizados. O ambiente que estamos inseridos é muito importante, pois ele que vai determinar se as características genéticas serão ou não preponderantes. Uma criança ansiosa que vive em um ambiente calmo e estável, pode desenvolver a habilidade de ficar calma. Já o contrário também é verdade, uma criança com a tendência a ser calma que nasceu em um ambiente caótico pode desenvolver a ansiedade como traço de personalidade.
Isso quer dizer que a personalidade é desenvolvida pelas experiências ambientais tendo como base e ponto de partida a genética.
O QUE SÃO OS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
Algumas vezes a pessoa desenvolve características de personalidade que podem trazer conflitos e sofrimento, tanto ao próprio sujeito quanto aos que estão em sua volta, são os chamados transtornos de personalidade.
Exemplo disso, pensando nas características do Big Five seriam sujeitos com escore muito alto ou muito baixo em um ou mais fator. Por exemplo, uma pessoa com a agradabilidade muito baixa pode ser alguém que desenvolve o chamado Transtorno de Personalidade Paranoide, alguém desconfiado dos outros aos extremos. Já um nível muito elevado de extroversão pode fazer o sujeito ser alguém que necessite sempre ser o centro das atenções, característico do Transtorno de Personalidade Histriônico, assim como níveis muito altos de neuroticismo estão presentes no Transtorno de Personalidade Borderline.
Os transtornos de personalidade podem ser divididos em três grupos: das excêntricas, das emotivas e das ansiosas. No primeiro grupo estão pessoas que apresentam características de personalidade que destoam da maioria dos grupos sociais, são pessoas que apresentam ideias e/ou comportamentos que podem ser considerados estranhos, marcados pela suspeita.
No grupo B estão pessoas com dificuldade de regular suas emoções, tanto para mais quanto para menos. Já no grupo C estão sujeitos que o sofrimento está marcado basicamente pela ansiedade nas relações sociais e de afeto.
GRUPO A
Transtorno de Personalidade Paranóide: O transtorno de personalidade paranóide caracteriza-se pela desconfiança excessiva e suspeita em relação aos outros, em que as suas intenções são constantemente interpretadas como maldosas. A pessoa não confia e suspeita de outras pessoas, sentindo frequentemente que está sendo enganado mesmo que não existam motivos. Por isso, é comum questionar constantemente a lealdade de amigos e colegas, não confiar nos outros e sentir que as suas intenções têm um caráter humilhante ou ameaçador. Além disso, é comum o paranóide ser considerado uma pessoa mais fria e distante, que não expressa afeto, tendo também uma tendência a guardar rancor, não perdoar com facilidade e perceber as atitudes dos outros como ataques, reagindo com raiva, irritação e hostilidade. Extroversão e agradabilidade estão diminuídas.
Transtorno de Personalidade Esquizóide: é caracterizado por uma tendência da pessoa se distanciar dos outros e evitar relações sociais ou relacionamentos íntimos, como fazer parte de uma família, por exemplo. Assim, é comum que as pessoas com esse transtorno sejam descritas como distantes e indiferentes. A pessoa com esse tipo de transtorno é desapegada, indiferente e tem uma tendência a ser mais introspectiva e a fantasiar as coisas. Além disso, prefere realizar atividades solitárias, evita o contacto íntimo e social, não tem amigos íntimos, mostra-se indiferente a elogios ou críticas e é emocionalmente frios e distanciados. São pessoas com sensibilidade reduzida a reforços positivos sociais. A abertura e a agradabilidade estão diminuídos neste tipo de personalidade.
Transtorno de Personalidade Esquizotípica: O transtorno de personalidade esquizotípica caracteriza-se por uma dificuldade para estabelecer relacionamentos íntimos, sensação de desconforto ao manter contato ou relações sociais e interpessoais, sentimento de que outras pessoas podem ser prejudiciais, além de desconfiança e falta de afeto em relação aos outros. A pessoa com transtorno de personalidade esquizotípica tem um comportamento, fala e aparência excêntricos, crença bizarras, que não estão de acordo com as normas culturais em que a pessoa está inserida e pensamento, percepções e discurso incomuns, semelhantes à esquizofrenia. O Neuroticismo está exacerbado enquanto abertura e agradabilidade estão diminuídos.
GRUPO B
Transtorno de Personalidade Histriônica: caracteriza-se por uma auto-estima baixa, sensibilidade à crítica e rejeição, e tendência a depender da atenção e aprovação de outras pessoas para o próprio bem estar. A pessoa que sofre deste transtorno sente-se mal quando não é o centro das atenções e a interação com os outros caracteriza-se frequentemente por um comportamento dramatizado e inadequado, sexualmente provocante e com mudanças rápidas na expressão das emoções. Além disso, usa a aparência física para chamar a atenção e usa um discurso excessivamente impressionista e expressões emocionais exageradas. No entanto, a pessoa com que tem personalidade histriônica, é facilmente influenciada pelos outros ou pelas circunstâncias e considera os relacionamentos com as pessoas mais íntimos do que realmente são. A extroversão e o neuroticismo estão exacerbados neste transtorno.
Transtorno de Personalidade Borderline: O transtorno de personalidade borderline, ou síndrome de borderline, caracteriza-se por uma instabilidade nos relacionamentos interpessoais e por sentimentos constantes de vazio, alterações repentinas de humor e acentuada impulsividade. Geralmente, a pessoa com esse tipo de transtorno de personalidade faz um grande esforço no sentido de evitar o abandono, tem um padrão de relacionamentos instáveis e intensos, avaliando as pessoas como boas em um instante e rapidamente as julgando como más. Além disso, em alguns casos, pode apresentar comportamentos de automutilação ou ameaças suicidas. Neuroticismo exacerbado e conscienciosidade muito baixa.
Transtorno de Personalidade Narcisista: O transtorno de personalidade narcisista caracteriza-se por uma supervalorização e sentimento grandioso acerca de si próprio, além de uma grande necessidade de reconhecimento e desvalorização de outras pessoas. Os narcisistas são egocêntricos e acreditam que são especiais, únicos e superiores às outras pessoas; sentem que devem ser admirados e tratados de forma especial por parte dos outros, tiram vantagem das outras pessoas para atingir os seus próprios objetivos, têm falta de empatia e não entendem os sentimentos e necessidades dos outros, sentindo frequentemente inveja ou acreditam ser alvo da inveja alheia. Agradabilidade diminuída.
Transtorno de Personalidade Antissocial: O transtorno de personalidade antissocial, também conhecido como sociopatia, caracteriza-se por atitudes de desrespeito e violação dos direitos das outras pessoas, descaso e desconsideração pelo certo e errado, comportamentos perigosos e/ou criminosos e incapacidade de se adequar às normas sociais. Geralmente, a pessoa com transtorno de personalidade antissocial apresenta uma grande aptidão para enganar, mentir ou iludir as outras pessoas, para obter vantagens pessoais ou prazer. Além disso, é impulsiva e agressiva e recorre muitas vezes a agressões físicas e desrespeito pelos outros, sem sentir remorso e mostrando-se indiferente por ter ferido ou maltratado alguém. Ausência de agradabilidade, conscienciosidade diminuída.
GRUPO C
Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsiva: apesar de ser chamada de obsessico compulsiva, eu considero que o melhor termo seria apenas Transtorno de Personalidade Obsessiva pois, muitas vezes, as compulsões características do Transtorno Obsessivo Compulsivo não estão presentes. É marcado por uma diminuição na flexibilidade psicológica, entendendo e seguindo regras literalmente. Geralmente, a pessoa com a personalidade obsessiva é perfeccionista, se preocupa excessivamente com os detalhes, regras, ordem, organização e horários; a autocrítica também está excessivamente aumentada. Devido a presença de pensamentos obsessivos a ansiedade está frequentemente presente. A abertura está diminuída e conscienciosidade aumentada.
Transtorno de Personalidade Evitativa: também chamada de “esquiva”, caracteriza-se por uma timidez excessiva e esquiva de situações e interações sociais, com sentimentos de inadequação e grande sensibilidade à avaliação negativa por parte das outras pessoas. A pessoa com esse tipo de transtorno de personalidade geralmente evita realizar atividades interpessoais, devido ao medo da crítica e rejeição ou desaprovação, tem medo de se envolver em relacionamentos íntimos ou conhecer pessoas novas e sente-se inferior em relação ao outro. A abertura e a extroversão estão diminuídas.
Transtorno de Personalidade Dependente: caracteriza-se por uma falta de autoconfiança, visão limitada de si e dos outros e pela necessidade excessiva de ser cuidado, levando a um comportamento submisso e ao medo da separação e do abandono. Geralmente, a pessoa com esse transtorno tem uma maior dificuldade em tomar decisões sem a ajuda de outras pessoas, necessidade de que os outros assumam responsabilidade pelas principais áreas da sua vida e dificuldade para discordar dos outros, com medo de perder apoio ou aprovação, o que a torna mais vulnerável a abusos e exploração. Além disso, a pessoa com personalidade dependente sente dificuldade para iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria, por falta de autoconfiança, energia ou motivação. Tem ainda uma necessidade extrema de receber carinho e apoio, e sente desconforto ou desamparo quando está só. Por isso, busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo, quando o atual termina. A agradabilidade está exacerbada e o neuroticismo alto.
TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
O tratamento dos transtornos de personalidade são bem complexos. Como a personalidade é o centro da pessoa, é impossível uma melhora completa do transtorno; contudo, é sim possível a pessoa melhorar a ponto de conseguir manter as relações sociais e ter o mínimo possível de crises.
O tratamento para os transtornos de personalidade envolvem o psiquiatra e o psicólogo. A função do psiquiatra é prescrever medicações que vão diminuir os sintomas, mas que não terão efeito prático na personalidade da pessoa. Medicações são muito importante para diminuir o risco e o sofrimento da pessoa, mas é muito limitada para mudanças efetivas na personalidade.
A psicoterapia com bom psicólogo é o tratamento mais efetivo para o transtorno, apesar de necessitar de quantidade significativa de tempo para surtir efeito já que a personalidade de alguém não é simples de ser alterada. O ideal é a associação de medicação com psicoterapia.
No caso do psicólogo, existem algumas correntes teóricas que tem melhores evidências no tratamento de transtornos de personalidade: A terapia comportamental dialética, a Terapia de Aceitação e Compromisso, a Terapia do Esquema e a Psicanálise.